AUTONOMIA E MUNDO INFANTIL: REFLEXÕES À LUZ DE HANNAH ARENDT
Resumo
À luz das reflexões de Hannah Arendt, este texto tem por objetivo problematizar a noção de autonomia infantil, relacionando-a à chamada “crise na educação” e às reflexões acerca dos modos de educar as novas gerações. O presente estudo, de caráter bibliográfico, fundamenta-se principalmente na obra Entre o passado e o futuro (2013). Todavia, para destrinçar os fios conceituais que constituem a trama do pensamento arendtiano e almejar os objetivos propostos, o texto decompõe-se em três partes: primeiramente, busca-se compreender os aspectos da crise na educação elaborados por Arendt; por conseguinte, reflete-se sobre o lugar da autoridade na educação; e, por fim, problematiza-se a noção de “autonomia infantil”, tão disseminada nos discursos pedagógicos hodiernos. Para tanto, procura-se argumentar se, ao contrário de querer libertar as crianças dos padrões originários impostos pelo mundo adulto, a pedagogia, talvez, esteja camuflando o fato de que as crianças são seres em desenvolvimento e, por isso, carecem do cuidado e da proteção dos adultos frente aos desafios do mundo. Por isso, ao querer libertar as crianças da autoridade dos adultos, elas são sujeitadas a uma autoridade muito mais esmagadora: a tirania do grupo ou da maioria, como se fossem uma minoria oprimida. Esse mesmo movimento, no entanto, pode impedir o imprescindível diálogo entre as gerações quando adota as especificidades como uma muralha para construir um mundo próprio para as crianças.