RELAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES COM A FRAGILIDADE DE MEMBRANA ERITROCITÁRIA EM SOBREVIVENTES DE CÂNCER DE MAMA
Resumo
O câncer está entre as principais causas de morte no mundo, sendo o câncer de mama (BC) o mais letal entre as mulheres. Alterações nas condições nutricionais, comum em sobreviventes de BC, podem promover alterações nos parâmetros fisiológicos, bioquímicos e hematológicos capazes de prejudicar a integridade de membranas biológicas. Objetivo: O objetivo deste estudo foi correlacionar o perfil de ingestão alimentar com aspectos clínicos, antropométricos, bioquímicos, hematológicos e de estabilidade de membrana eritrocitária em sobreviventes de BC durante hormonioterapia. Métodos: Vinte e seis mulheres, em recuperação do BC, foram submetidas a avaliação antropométrica e de composição corporal utilizando bioimpedância tetrapolar. Foram aplicados três recordatórios alimentares de 24 horas. Após 12 horas em jejum, foram coletados 4mL de sangue para análises do perfil lipídico, hematológico e glicêmico. A estabilidade osmótica da membrana dos eritrócitos foi analisada por regressão não linear da dependência da absorvância da hemoglobina, liberada com hemólise, em função da concentração de sal, e foi representada pelo inverso da concentração de sal no meio da curva (1/H50) e pela variação da concentração de sal, que promove a lise (dX). A distribuição dos dados na curva gaussiana foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk. Os dados que apresentaram distribuição paramétrica foram correlacionas por teste de Pearson. Para dados não-paramétricos, teste de Spearman. Resultados: Foi observado que o colesterol total se apresentou em concentração superiores aos valores de referência. Ainda, o consumo de fibras na dieta apresentou correlação inversa com colesterol total (r=-0.53), TGL (r=-0.48), LDL-c (r=-0.54), VLDL-c (r=-0.48) e glicemia de jejum (ρ=-0.64) e correlação positiva com HDL-c (ρ=0.5). Também houve correlação direta entre RDW-CV e o percentual de gordura corporal (ρ = 0.45) e inversa com o percentual de massa magra (ρ=-0.45). O LDL-c apresentou correlação forte direta com RDW-SD (r=0.8) e MPV (r=0.7) e inversa com MCV (r=-0.4), enquanto HDL-c se comportou de maneira contrária ao LDL-c em relação às mesmas variáveis. Em relação a estabilidade de membrana, houve correlação positiva entre Amáx com RBC, Hb, Ht e RDW-SD (r=0.5), enquanto o Amin se correlacionou inversamente com a glicose de jejum (r=-0.5). Conclusão: Conclui-se que o padrão alimentar de sobreviventes ao BC apresenta correlações com indicadores de saúde, destacando o papel fundamental do controle da ingestão de nutrientes sobre a qualidade de vida desta população.