O CARÁTER PERFORMATIVO DA LINGUAGEM DOS PROTESTOS

Autores

  • Roselaine Chagas FUCAMP

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar as formas de nomeação e designação presentes em alguns cartazes utilizados pelos manifestantes nos protestos ocorridos no mês de junho de 2013. Objetiva-se verificar, também, a relação existente entre as práticas discursivas veiculadas por meio dos enunciados e uma política de representação que está por trás desses dizeres. Para o desenvolvimento deste trabalho apoiamo-nos nos estudos da Pragmática de base austiniana que considera a linguagem como prática social e política que envolve escolhas e, por isso mesmo, está comprometida com a ética. De acordo com Austin (1990) tudo que fazemos com a linguagem são atos que têm efeitos performativos, ou seja, dizer algo é fazer algo. A cada ato de fala que se enuncia há um comprometimento por parte do enunciador, o que faz com que a linguagem possa afetar o outro, por isso a preocupação com questões éticas, da responsabilidade que decorre de uma ação. Declarar, para o autor, é mais do que dizer; é fazer algo. Além disso, a descrição é mediada pelo olhar de quem descreve e envolve escolhas linguísticas que não são neutras e nem inocentes. Após as análises realizadas verificamos o caráter performativo das enunciações presentes em cada cartaz. Ficou evidente a força ilocucionária presente em cada cartaz, em cada enunciado. Percebemos, pelos dizeres, um forte apelo dos manifestantes por justiça e mudança, feito principalmente por uma política de nomeação e de designação usada para a concretização de seus ideais e para a construção de uma política de representação que os coloca como autênticos brasileiros que lutam e anseiam por justiça e respeito.

PALAVRAS-CHAVE: Manifestações; Performatividade; Política de Representação

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Publicado

11/08/2016