PLANTÃO PSICOLÓGICO EM UMA ASSOCIAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Resumo
Este artigo apresenta uma pesquisa qualitativa que acompanhou a implantação de um serviço de plantão psicológico em uma associação voltada a pessoas com deficiência em uma cidade do interior de Minas Gerais. Realizou-se uma cartografia clínica do processo de implantação e dos atendimentos oferecidos, buscando compreender as principais demandas apresentadas pelo público atendido, bem como possíveis contribuições do plantão psicológico frente a tais demandas. Como resultados, observa-se que a totalidade da procura pelo serviço se deu entre mães de crianças com deficiência. Identificou-se três eixos de análise: as dificuldades em torno do diagnóstico, a responsabilização principal ou exclusiva das mães pelo cuidado das crianças, com recorrente abandono de projetos pessoais e profissionais e as contribuições do plantão psicológico na oferta de um espaço de acolhimento, reflexão e elaboração, na orientação do público e na articulação com a rede de assistência, promovendo acesso a atendimento e a direitos, articulada à construção de um espaço de discussão crítica sobre o contexto econômico, social e de gênero que influenciou a demanda. Conclui-se pela relevância do plantão psicológico no contexto de espaços voltados a pessoas com deficiência na elaboração da condição de deficiência, no impacto que a situação deflagrada pode demandar e na construção de espaços de acesso à cidadania.