GÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: SOBRE A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DO EDITORIAL JORNALÍSTICO

Autores

Resumo

Diversas diretrizes educacionais no Brasil recomendam que o ensino de língua portuguesa, nos níveis fundamental e médio, seja conduzido a partir da exploração dos gêneros textuais. Com base nessa orientação pedagógica, o presente artigo procura contribuir para o ensino de português analisando o funcionamento de um gênero em particular, o editorial jornalístico, largamente reconhecido como um dos gêneros apropriados para trabalho em sala de aula. O artigo visa discutir o desenvolvimento histórico de editoriais paulistas, assumindo a hipótese de que o atual editorial provém, em grande medida, de cartas de redator do século XIX. Especificamente, o objetivo é comparar cartas do século XIX e editoriais publicados do século XIX ao XXI, para identificar possíveis aspectos em comum entre as cartas e os editoriais, no que diz respeito ao processo linguístico-textual de organização tópica, um processo central de elaboração de textos, com base na visão de que a presença de tais aspectos nos editoriais poderia ser uma influência das cartas. Examinam-se cartas e editoriais dos principais jornais paulistas, pelo método da análise tópica de textos. Os resultados revelam que, embora normalmente as cartas sigam uma regra de organização tópica e os editoriais sigam outra, há incidência considerável de cartas que seguem a regra típica dos editoriais, reforçando e especificando a hipótese de continuidade histórica entre esses textos. O artigo argumenta que resultados como esses representam contribuição significativa para o conhecimento dos gêneros e, assim, para o ensino de língua portuguesa.

Biografia do Autor

Isa Caroline Aguiar Zanin, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Possui graduação em Licenciatura em Letras (com habilitação em português e italiano) pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de São José do Rio Preto (SP). Por essa mesma universidade, é mestre e doutora em Estudos Linguísticos, tendo defendido sua dissertação de mestrado e sua tese de doutorado na área de Linguística Textual. Atualmente, é pesquisadora do grupo de pesquisa Estudos sobre Interdiscursividade e Construção de Textos, sediado na UNESP, campus de São José do Rio Preto. Tem interesse nos seguintes temas de pesquisa: organização tópica, diacronia de processos de construção textual, gêneros textuais, Linguística Textual, ensino de língua portuguesa. 

Profa. Alessandra Regina Guerra, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Possui graduação em Licenciatura em Letras (Português/Italiano) e mestrado e doutorado em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Sua formação e atuação em Linguística focalizam o campo da análise funcional de língua falada e escrita, abrangendo o estudo de fenômenos gramaticais e textuais, tanto em perspectiva sincrônica, quanto diacrônica. Sua dissertação de mestrado situa-se na interface entre Gramática Funcional e Linguística Textual, tratando do funcionamento de marcadores discursivos e do processo de organização tópica. Sua tese de doutorado promove uma articulação entre a Gramática Discursivo-Funcional e a Linguística Histórica, ao descrever diacronicamente a propriedade da transparência linguística no português, analisando sua manifestação no processo de expressão do sujeito gramatical. Tem experiência na área de Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: organização tópica, marcadores discursivos, descrição funcional do português, sujeito gramatical, variação e mudança linguística.

Prof. Eduardo Penhavel, Universidade Estadual Paulista - UNESP

É licenciado em Letras e mestre em Estudos Linguísticos pela UNESP, com dissertação de mestrado na área de Gramática Funcional. É doutor em Linguística pela UNICAMP, especificamente na área de Linguística Textual, tendo desenvolvido parte do doutorado na Universidade de Boston, EUA. Atualmente, é professor da UNESP, campus de São José do Rio Preto, onde atua nos cursos de Licenciatura em Letras e Bacharelado em Tradução e onde é também docente permanente do Programa de Pós-Graduação (mestrado e doutorado) em Estudos Linguísticos. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Linguística Textual, Gramática Funcional e Linguística Histórica, atuando principalmente nos seguintes temas: Perspectiva Textual-Interativa, diacronia do texto, processos de construção de textos, organização tópica, marcadores discursivos. Nos últimos anos, vem atuando como um dos principais pesquisadores na formulação e aplicação da Abordagem Diacrônica do Texto (ADT), um quadro teórico-metodológico novo, situado no campo da Linguística Textual, numa interface com a Linguística Histórica, e especializado no estudo diacrônico de processos de construção textual; nesse contexto, entre 2015 e 2024 foi coordenador (e atualmente é membro) do grupo responsável pelo estudo diacrônico do texto, no âmbito da equipe paulista do Projeto para a História do Português Brasileiro. É membro da Comissão Científica de Linguística Textual da ABRALIN, líder do Grupo de Pesquisa InterTextos (cadastrado no CNPq), membro da Comissão Editorial da Revista do GEL, integrante da rede CAPES/PRINT/UNESP e membro do GT de Linguística Textual e Análise da Conversação da ANPOLL.

Downloads

Publicado

14/07/2025

Edição

Seção

Artigos