REPRESENTAÇÕES DO SOCIAL E DO LINGUÍSTICO NA CLIVAGEM DO SUJEITO
Resumo
a linguagem é o espaço privilegiado, como acontecimento social, em que os indivíduos assumem sua condição de sujeito e se constituem como agentes de transformação. Ocorre, no entanto, que os modelos de compreensão e descrição da língua, desde Saussure, e mesmo antes dele na linguística histórica do século XIX, vêm eliminando o político e ideológico dos grandes debates sobre a realização do discurso e de sua materialização nos grandes institutos de manutenção do poder, como a Gramática, a Escola, o próprio Estado. Neste aspecto, a Análise do Discurso de Linha Francesa avança, desde a década de 60 do século passado, no sentido de garantir o diálogo entre sujeito, história e construção da identidade. Cada indivíduo, em sua memória histórica, constitui-se como um sujeito fragmentado, dividido, não apenas pelas composições de classes mas, sobretudo, pela própria experiência da linguagem em seu limiar cognitivo e relacional que se organiza na interação como o outro (outros). Donde se origina a expressão clivagem do sujeito: processo em que o ser é sempre múltiplo e se expressa numa realidade intersubjetiva, marcada pela alteridade.