RELAÇÃO ENTRE GASTOS COM PESQUISA E ÍNDICE BOOK-TO-MARKET NO BRASIL

Autores

  • Anelise Krauspenhar Pinto Figari Professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutoranda em Controladoria e Contabilidade - Área de Conhecimento: Contabilidade Financeira pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da Universidade de São Paulo (USP)
  • Júlia Peres Tortoli Mestranda em Controladoria e Contabilidade. Área de Conhecimento: Contabilidade Financeira pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da Universidade de São Paulo (USP)
  • Willian Aparecido Maciel da Silva MBA em Controladoria e Finanças. Área de Conhecimento: Finanças Corporativas pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da Universidade de São Paulo (USP)
  • Marcelo Augusto Ambrozini Professor Doutor do Departamento de Contabilidade da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEARP) da Universidade de São Paulo (USP)

Palavras-chave:

Índice Book-to-market. Gastos com Pesquisa. Ativos intangíveis.

Resumo

Por questões culturais conservadoras e por força do Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1), as empresas não podem ativar em seus balanços patrimoniais os gastos incorridos com pesquisas de novos produtos, de modo que são descarregados no resultado do período. Isto ocasiona uma diferença entre o valor contábil e o real valor intrínseco das empresas, principalmente de inovação. O objetivo desta pesquisa é verificar o quanto da diferença entre o valor contábil e o valor de mercado das empresas brasileiras, medida pelo índice book-to-market (BM), pode ser explicado pelos gastos com pesquisa não ativados pela contabilidade. A amostra foi composta por 42 empresas brasileiras de capital aberto que evidenciaram os gastos com pesquisa nas notas explicativas, para o período de 2010 a 2014. Por meio de análise cross-section, para 2014, constatou-se que a variável inovação, medida pelo somatório de gastos com pesquisa e dividida pelo ativo total nos anos de 2010 a 2014, contribuiu de maneira significativa para explicar o índice BM das empresas analisadas. Adicionalmente, as variáveis de controle tamanho e rentabilidade também foram significativas. Os resultados demonstram a importância dos investimentos em inovação, na explicação do acréscimo de valor econômico das empresas, e sinalizam a preocupação da não ativação dos gastos com pesquisa.

Biografia do Autor

Anelise Krauspenhar Pinto Figari, Professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutoranda em Controladoria e Contabilidade - Área de Conhecimento: Contabilidade Financeira pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da Universidade de São Paulo (USP)

Professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutoranda em Controladoria e Contabilidade - Área de Conhecimento: Contabilidade Financeira pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da Universidade de São Paulo (USP)

Júlia Peres Tortoli, Mestranda em Controladoria e Contabilidade. Área de Conhecimento: Contabilidade Financeira pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da Universidade de São Paulo (USP)

Mestranda em Controladoria e Contabilidade. Área de Conhecimento: Contabilidade Financeira pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da Universidade de São Paulo (USP)

Willian Aparecido Maciel da Silva, MBA em Controladoria e Finanças. Área de Conhecimento: Finanças Corporativas pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da Universidade de São Paulo (USP)

MBA em Controladoria e Finanças. Área de Conhecimento: Finanças Corporativas pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da Universidade de São Paulo (USP)

Marcelo Augusto Ambrozini, Professor Doutor do Departamento de Contabilidade da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEARP) da Universidade de São Paulo (USP)

Professor Doutor do Departamento de Contabilidade da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEARP) da Universidade de São Paulo (USP)

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Publicado

06/06/2017